Vi uma família chegar ao cemitério. Um homem, uma mulher e uma menina criança. Do Voyage vinho o homem retirou um latão, uma pá e uma caixa com azulejos azuis. Já sobre o muro, observei a entrada. Vagarosos, caminhavam pelo campo, aparentemente sem se preocuparem com direção. O homem, impassível. A mulher, inanimada. A menina criança, dispersa, talvez pensando na brincadeira que foi interrompida, ou não. No Campo Santo, só os passarinhos cantavam. Pareciam apenas passear, não buscavam um túmulo. A menina criança observava as fotos, sorrindo diante de algumas. O homem e a mulher apenas andavam. De repente, um sinal vital. O homem sinaliza com a cabeça, virando para esquerda. De costas para mim, os sinais somem. Só pude notar o gesticular dos braços. O homem coloca a caixa de azulejos em cima do latão, abraçando-os. A mulher segura a mão da menina criança. No Campo Santo, só os passarinhos cantavam. Depois de alguns momentos, viraram novamente à esquerda. Já os via de perfil. Pararam. Era o Céu dos Anjinhos. Mais alguns passos. Cruz 559. O latão, os azulejos e os joelhos no chão. A mulher cruza os braços. A menina brinca com velhas flores de outras covas. Pá, cimento e azulejo. Apenas passarinhos. E o homem construía uma gaiola para um passarinho.
S.C.M.