Na clara luz da manhã
Um galo denuncia o dia.
No ninho, passarinho
Intoxica alegria.
Eu não quero acordar
Eu não consigo dormir
Mariposa entre os lençóis
Entre os dentes, o mundo.
S.C.M.
Na clara luz da manhã
Um galo denuncia o dia.
No ninho, passarinho
Intoxica alegria.
Eu não quero acordar
Eu não consigo dormir
Mariposa entre os lençóis
Entre os dentes, o mundo.
S.C.M.
Veio de bike
Vacinar.
PFF2, carteirinha do SUS.
Fã do Átila, Butantã,
Pasternak, Fiocruz.
Lâmpada na cara,
Tiro no olho:
"Viado!"
"Comunista tem que morrer!"
Edgar Allan Poe
Prólogo
Disse-me Egeu
sobre Berenice:
diversa é a
desgraça!
Como um arco-íris,
vários são os
matizes
das infelizes formas.
I
Sentado sobre o
túmulo
que não era o seu
eu te vi
no pallor mortis
das flores
que te soterravam.
Teu medo era acordar
e não dormir.
II
Mirando a criança
ainda te vejo.
Cheiro de leite e
crisântemo.
Foste amante de
Eva
ou de Lilith?
III
Foste fiel no
pouco
que ela permitia.
No pedaço do corpo
que ela te servia.
Na mesa da ceia
água, vinagre e vinho
todavia
o teu corpo não
cabia.
IV
O amor nos
despedaçará
foi um aviso do rádio.
Você dançou.
V
Desço do túmulo
estranho
vejo que a terra
se move
sobre ti.
Percebo uma fresta
e
dedos apressados
por dentro
ansiosos
por fechá-la.
Você foi enterrado
vivo.
Eu quis provar do teu olho azul
piscina
sem cloro.
Náiade sem pai
me permitiu banhar
e não beber.
Eu quis provar do
teu olho
sem controle
sem cura
cor de anátema.
Minha punição é não
esquecer
da tua água morta
cor imunda
que eu queria beber.